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Vicente Teixeira e a religiosidade popular

Batista de Lima

Vicente Teixeira vem de uma família marcada pela religiosidade. Seu nome Vicente já nos remete ao padroeiro de seu município de origem, Lavras da Mangabeira, em que se venera São Vicente Ferrer. Depois há o fato de que seu pai chegou a comandar grupo de penitentes, prática comum em outros tempos na região do Cariri. Acontece que Vicente veio para a Capital e aqui se formou em Agronomia se tornando exemplar profissional, hoje já aposentado. Depois de constituir sólida família, encaminhou todos pelos caminhos da religiosidade, tornando-os católicos praticantes.

Dr. Vicente Alves Teixeira é frequentador assíduo da Igreja de Santo Afonso Maria de Ligório, na Parquelândia, onde reside. Ali ele desenvolve trabalho religioso ao lado do vigário Padre Geovane Saraiva. Participa dos Encontros de Casais com Cristo, desde 1981, faz parte do Grupo de Estudo Bíblico, da Pastoral do Batismo, do Conselho Econômico, do Terço dos Homens e da Pastoral do Matrimônio. Toda essa atividade religiosa culmina com os estudos que elabora sobre os mais variados temas da religiosidade. Daí já possuir dois livros publicados e agora apresentar esse terceiro, "Culto às imagens e religiosidade popular".

Com seu estilo claro, cativa o leitor, prendendo-o à leitura, sem fugir dos símbolos religiosos e interpretando as metáforas dos livros sagrados. Sua defesa do culto das estátuas fundamenta-se em dados históricos comprovados. Tudo isso sem contestar a liberdade de praticarmos a religião que melhor nos aprouver. Daí ser brilhante sua defesa do estado laico, mas ao mesmo tempo sendo incisivo na sua defesa do que preceituam os evangelhos. Não acredita em devoção sem caridade e se mostra contrário à mitologia do consumismo desenfreado que tem marcado cada vez mais as gerações contemporâneas.

Esse livro de Vicente Teixeira vai muito além da doutrina ao apresentar escritos sobre a história dos tempos em que os cristãos sofreram seus martírios sob o jugo dos imperadores romanos que os perseguiam. Apesar de todas as intempéries enfrentadas pelos primeiros cristãos, a igreja se firmou na fé e na esperança, o que levou, já em 313, a conseguir a adesão de todo o Império Romano ao Cristianismo. Essa mudança é tratada no livro com sabedoria e pesquisa, inclusive com o acréscimo do que mudou na religião após o Concílio de Trento.

A simbologia das práticas religiosas é estudada por Vicente Teixeira com interpretações já conhecidas e outras de sua própria experiência. Essa é a vantagem dos livros sagrados e de seus exegetas, tendo em vista que seu arcabouço linguístico é alicerçado em metáforas tão consistentes que suas interpretações nunca os esvaziam. Nessa simbologia estão incluídas as esculturas formando um patrimônio icônico que tem perdurado ao longo dos séculos. Essa estatutária serve de respaldo à concentração nos atos litúrgicos nos templos.

A pesquisa de Vicente Teixeira é tão criteriosa que ele consegue enumerar todas as oportunidades em que Maria esteve ao lado de Jesus após o nascimento em Belém. Foi "na apresentação do menino no templo; na fuga para o Egito; nas peregrinações ao Templo de Jerusalém; nas Bodas de Caná; na missão anunciadora do Reino de Deus; ao pé da Cruz, no Calvário; e no cenáculo, ao lado dos Apóstolos". Quanto à possibilidade de Maria ter tido outros filhos, como insinuam seguidores de outras igrejas, o autor apresenta várias comprovações dos escritos sagrados em que essa possibilidade inexiste.

Para comprovar sua dedicação ao culto de Maria ele enfatiza as pregações do Papa Francisco em torno dessa prática e ilustra o livro com bela fotografia da Basílica de Aparecida. Logo em seguida o livro traz correspondência entre o Padre Zezinho e um cidadão de nome Paulo Souza que se diz ex-católico e contesta o culto às imagens de Maria. Antológica a resposta do Padre Zezinho e merecedora de estar no livro pois comprova os escritos de Vicente Teixeira. Após essa carta, há o histórico do Terço dos homens, que vem sendo praticado desde 1950, tendo se iniciado em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Vicente Alves Teixeira conclui o seu livro sob o signo da Cruz, defendendo a importância da bênção dos pais na vida dos filhos. Depois, ainda ilustra o tema exposto com o conhecido poema de Castro Alves, "A Cruz da Estrada". Esse belo poema do poeta baiano figura em muitas antologias nacionais, dado o seu arcabouço verbal e sua mensagem religiosa. Também resgata do ostracismo o escravo a quem ela se dedica e que só depois de morto consegue a liberdade. "Não lhe toques no leito de noivado, / Há pouco a liberdade o desposou." Ao final da leitura desse livro de Vicente Teixeira, o leitor conclui que assim como a Cruz, outros símbolos icônicos da Igreja Católica, tiveram e têm uma função fundamental na pregação da sua doutrina e preservação da fé dos que lhe seguem.


FONTE: Jornal Diário do Nordeste - 15/09/15.


 

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