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Tributo a João Gonçalves de Souza


Batista de Lima



João Gonçalves de Souza nasceu em 20 de agosto de 1913, no distrito de Mangabeira, que pertence ao município de Lavras da Mangabeira. Em sua terra natal, fez os estudos iniciais, continuando-os na cidade do Crato, no Colégio Diocesano. Naquele colégio teve primeiro que se empregar como auxiliar de bedel para ter direito ao estudo, à alimentação e à moradia. Depois teve que se deslocar para o Rio de Janeiro para estudos superiores, em resposta a sua autoestima e aos sonhos que sempre acalentou.

Para chegar ao Rio de Janeiro, teve que primeiro passar pela Bahia onde pediu ajuda ao interventor da época, o governador Tenente Juracy Magalhães, de origem cearense. Foi assim que conseguiu meios para chegar ao Rio e encontrar algumas portas abertas para continuar no encalço dos seus ideais.

Foi dessa forma que conseguiu ingressar na Faculdade de Agronomia, no Rio de Janeiro, aos 22 anos. Tendo herdado a persistência do pai, humilde agricultor do sertão, entregou-se à vida estudantil e começou a crescer no conceito de seus superiores.

João Gonçalves de Souza nunca deixou de relatar sua condição de apontador, nas frentes de serviço que o Dnocs abriu durante a seca de 1932. Aos dezenove anos alistou-se na frente de serviço que ficava entre Alagoinhas, hoje Ipaumirim, e Salgueiro, em Pernambuco. Nada disso foi impedimento para chegar a Ministro de Estado, Superintendente da Sudene e Subsecretário da OEA. Nem uma coisa nem outra o impediu de amar sua terra e valorizar suas raízes. Nunca passou um ano sem que visitasse a vila em que nasceu. E quando vinha, era temporada de cadeiras na calçada, onde o povo do lugar vinha saudá-lo, dado o orgulho que dele tinha.

João Gonçalves escalou vários degraus da hierarquia administrativa no Ministério da Agricultura. Foi através de seu exemplar tino administrativo em vários setores que foi aquinhoado com bolsa de estudos para, nos Estados Unidos, cursar Mestrado e Doutorado, tendo, ao retornar ao Brasil, assumido a cátedra de Economia e Sociologia Rural na Universidade Rural do Brasil. Mesmo com essa distância de suas raízes, sempre dispensou atenção especial ao Ceará. Abriu as portas do Ministério da Agricultura para cooperar com a administração do governador Raul Barbosa. Depois celebrou vários convênios para o sucesso da UFC, do BNB, do Caen e do Cetrede.

Esse ilustre mangabeirense era um verdadeiro "promoter" em qualquer instância em que militasse. Desde jovem, em Mangabeira, era um dos organizadores dos festejos de São Sebastião, padroeiro do lugar.

Quando se tornou famoso, ocupando inclusive cargo de ministro do interior de Castelo Branco, promoveu incrementos desenvolvimentistas na Região Norte brasileira, a mais esquecida do País.

Ali tanto fez que hoje são encontráveis em Belém e Manaus logradouros públicos com seu nome, como reconhecimento pelo seu trabalho. É pena que Fortaleza, por quem ele se empenhou por algumas instituições, não o tenha homenageado ainda à altura.

Há portanto duas demandas dos seus conterrâneos ainda por realizar em tributo pelo tanto que fez pelo Ceará. Primeiramente está o traslado dos seus restos mortais para sepultamento definitivo em seu lugarejo de nascimento, Mangabeira, preferencialmente aos pés de sua estátua na praça central da vila, frente à igreja de São Sebastião.

Afinal, por ocasião de seu falecimento em 16.01.1979, no Rio de Janeiro, aos 65 anos, seu corpo foi sepultado naquela cidade. Por isso que, em reconhecimento ao seu valor, suas conquistas e seu empenho pelo desenvolvimento de sua terra, a população fez erguer estátua de corpo inteiro que é preservada com reverência até hoje.

A outra luta dos seus conterrâneos é para que Fortaleza tenha uma das futuras estações do metrô da capital com o seu nome, pelo que fez por esta cidade e pelo estado do Ceará. Fortaleza, com 4.500 ruas e muitas praças, tem esquecido João Gonçalves de Souza.

Por isso que há um movimento de seu povo, liderado pelo Padre Manuel Amorim Lemos, pelo Desembargador Hilário Duarte, pelo Dr. José Aldo Luiz de Oliveira; pelo vereador Didi Mangueira e personalidades outras daquele distrito, no sentido de homenagear em definitivo esse homem surgido da classe trabalhadora do campo e detentor de tão rica biografia.

A gente anda por Fortaleza e encontra muitos logradouros com nomes de estrangeiros, como, por exemplo, bem ali na zona oeste da cidade um populoso bairro com o nome de Presidente Kennedy, próximo a uma rua larga e bonita nominada de Robert Kennedy, flertando com um Cuca Che Guevara.

A colônia lavrense nesta Capital, tão bem representada na política, com dois senadores em Brasília - Eunício Oliveira (Ce) e Helmano Férrer (Pi) -, dois deputados estaduais - Heitor Férrer e Daniel Oliveira -, bem como dois vereadores de Fortaleza, conterrâneos de João Gonçalves - Didi Mangabeira e Ziêr Ferrer - espera que esses sonhos da população sejam realizados. Nós sonhamos por essas homenagens como tributo merecido ao Doutor João Gonçalves de Souza.


FONTE: Jornal Diário do Nordeste - 30/08/2016.


 

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