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Prêmio de Literatura Unifor

Batista de Lima


Uma universidade alcança sua maioridade intelectual quando extrapola seus limites físicos e faz com que seus saberes produzidos transformem a comunidade do seu entorno. Por outro lado, a disseminação de saberes é via de mão dupla, o que faz com que seus eventos de extensão levem e tragam manifestações culturais. A produção cultural interna e externa também fazem parte do aprendizado coletivo. Daí que um concurso literário de uma universidade de abrangência nacional atravessa o país e por ele é atravessado. E não é apenas premiar o escritor, mas também publicá-lo, divulgá-lo para que sua leitura do mundo seja também a leitura de si próprio. Seu perfil, sua biografia, está no texto.

O IV Prêmio de Literatura Unifor contemplou o gênero poesia e traz numa antologia os vinte poemas que obtiveram melhor qualificação. Para isso foi necessário denodado esforço da Comissão Julgadora, dado o volume de inscrições vindas dos mais variados locais do Brasil. Louve-se para isso o espírito empreendedor da administração superior da Universidade de Fortaleza que não tem medido esforços para consolidar a Unifor como promotora de cultura em todos seus segmentos.

Das quatro edições desse prêmio, configurou-se este atual como o que apresentou o maior número de inscritos. Isto representa a credibilidade alcançada pelo certame, em âmbito nacional, e ao mesmo tempo estimula o órgão promotor - UNIFOR - a prosseguir com a promoção. Afinal, este prêmio é um espaço que se abre para o surgimento de novos escritores que se não fora este concurso poderiam ficar impublicáveis apesar do talento de que são possuidores.

A poesia é o mais simbólico dos gêneros literários. É o que possui maior potencial de rebeldia, no repensar o mundo. Por isso que estes resultados são o reflexo do que se produz poeticamente no Brasil. Ousadia é o que se pode chamar essa iniciativa da Fundação Edson Queiroz que pela quarta vez promove este concurso. Também não podemos esquecer de parabenizar os poetas classificados e aqueles que acreditaram na promoção e nela se inscreveram. Afinal não foi fácil para a Comissão escolher os melhores. Agora, caro leitor, recomendamos sua leitura, pois só assim damos sentido a esse Prêmio. A leitura dessa antologia é o coroamento do IV Prêmio de Literatura Unifor.

Além da Antologia, o leitor também dispõe do livro "Cem pequenas poesias do dia a dia", da autoria de André Telucazu Kondo, premiado em primeiro lugar na categoria obra inédita. Esse primeiro lugar ganhou a publicação do livro, pela Universidade de Fortaleza, e também uma viagem a Washington para visitar a Biblioteca Nacional do Congresso Americano. André Kondo, o premiado, é filho de imigrantes japoneses, nascido no Brasil (São Paulo) em 1975. Morou no Japão e na Austrália, sendo pós-graduado pela University of Sydney. É autor de livros de poemas e de contos, vencedor de mais de 20 prêmios literários no Brasil e em Portugal. Sua escrita reflete caminhos trilhados por 60 países, desde grandes centros urbanos como Moscou e Nova Iorque a vilarejos no Himalaia, acampamentos nômades na Mongólia e remotas ilhas do Pacífico.

Na categoria trabalhos inéditos, o primeiro lugar ficou com Perpétua Amorim, que ganhou uma passagem aérea para o Rio de Janeiro para visitar a Biblioteca Nacional. Esse prêmio também promove a publicação dos vinte melhores poemas cujos autores receberam vinte exemplares da coletânea onde os mesmos estarão veiculados. Entre os vinte, o segundo lugar ficou com Nemésio Dias Silva Filho, o terceiro com Maria Lúcia Sales, o quarto com Karina Granjeiro , o quinto com José Campos de Araújo e o sexto com Talita Cavalcante Nogueira. Os outros premiados que completaram a Antologia foram, por ordem de classificação: Lúcio Flávio Gondim, Valmir Luiz Saldanha, Tatiana Caldas, Ana Cirstina Mendes, Edmar de Freitas, Vera do Nascimento, Alan Mendonça, Ivaíze Rodrigues, Valdemir de Castro Pacheco, Silvana Ramos, André Kondo, Antônio Flávio da Silva, Éder Rodrigues e Thiago Fonseca Veras.

Essa seleção foi feita entre 350 trabalhos de 180 concorrentes. Eram concorrentes do Ceará, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará e Rio de Janeiro. Para conseguir esse objetivo foi convidada uma Comissão Julgadora de três componentes: Sânzio de Azevedo, representando a Academia Cearense de Letras; Fernanda Coutinho, do Curso de Letras da UFC; e Aíla Sampaio, representando a Unifor. Graças à qualidade dos julgadores, não houve contestação dos resultados.

Na solenidade de entrega dos prêmios, cada concorrente classificado recebeu um certificado de participação. Com o Teatro Celina Queiroz lotado, tudo começou com a música da Camerata da Unifor, com o Coral, com a apresentação do contra-tenor Antônio Souza e interpretação de poemas pelos ganhadores dos prêmios.

Os poemas da obra inédita "Cem pequenas poesias do dia a dia", de André Kondo, são pequenos textos de uma profunda densidade. Verdadeiras obras de arte que oscilam entre cromos de mensagens até filosóficas a haikais de bem-dizer focados na natureza. Um exemplo é "o reflexo/ da lua/ em uma poça d´água / sonho de marés". O importante é a lírica que se expande desses pequenos invólucros que se tornam grandes poemas. Já os poemas da Antologia se apresentam das mais variadas formas pois trazem produções de vinte autores diferentes. O primeiro lugar, que coube a Perpétua Amorim, é o poema, "A menina e o mar", que mostra o encantamento das águas do oceano aos olhos juvenis, que visualizam a descida do céu para banhar-se nas águas.

Esse "Prêmio de Literatura Uifor", na sua quarta edição, dada a qualidade dos trabalhos e a repercussão de sua premiação, é uma confirmação de sua importância na divulgação de novos valores da literatura. Por outro lado é um apelo para que sua continuação seja concretizada a cada dois anos pela Vice-Reitoria de Extensão da Unifor. Esse certame não pode deixar de fazer parte do calendário de eventos da Unifor. Afinal ele caiu no gosto das pessoas que já começam a perguntar quando será o próximo e qual será o gênero literário a ser contemplado.


FONTE: Jornal Diário do Nordeste - 15/05/12.


 

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