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  • Foto do escritorBatista de Lima

O pescador de Tabocal

domingo, 01 de dezembro 2019


“O bom pescador pesca peixes e histórias do fundo das águas. O bom pescador cria as águas e as povoa de peixes e histórias”. E assim começa o agradável e descontraído livro do pescador de palavras, de “causos” e de histórias maravilhosas, o professor Batista de Lima: O pescador de Tabocal. Tabocal era uma cidade construída no “mapa da memória” de Batista de Lima, crescida em torno da igreja de São Sebastião, cujas águas da grande barragem a encobriram por completo, e uma nova cidade fora construída, em cima da serra, para os habitantes da velha Tabocal. Aqui, o autor nos faz lembrar da velha Jaguaribara, imersa pelas águas do açude Castanhão, sendo então construída a Nova Jaguaribara, na região Jaguaribana cearense. Os vários contos narrados ao longo do livro nos levam às plagas sertanejas, à sua rica diversidade e cultura, em que o autor passeia com mestria pela realidade interiorana: as acirradas disputas eleitorais com os votos de “cabresto”; a Festa do padroeiro e as animadas quermesses; a lendária figura de Lampião que, certa feita, ousou invadir a cidade de Tabocal, obrigando a imediata retirada de mulheres e de crianças para se esconderem ao pé da serra; a moça à janela, suspirando à passagem do galã Francalino que, durante a madrugada, fazia visitas à mulher do padeiro; a mulher que pariu pela vigésima quinta vez, só não tendo mais filhos em razão da morte do marido, mordido de cobra; o coveiro Gerôncio que rezava todos os dias para que alguém morresse… Tantas as histórias ocorridas na pacata cidade de Tabocal refletem uma realidade macro, pois todas elas podem ser transportadas para cidades de maior porte, grandes centros urbanos como Fortaleza, Recife, Belo Horizonte e até mesmo São Paulo, onde certamente encontraremos “causos” parecidos – resguardadas as nossas peculiaridades -, o que reforça a nossa convicção de que o ser humano é bastante semelhante ao outro e, de forma curiosa, somente ele não percebe. Por meio de suas histórias de pescador, Batista de Lima, disseca o cotidiano de uma cidade e de seus habitantes, fazendo com que o leitor imediatamente se identifique com seus personagens, seus dramas, suas dificuldades, suas particularidades. A leveza de “O pescador de Tabocal” é exatamente a característica que torna o livro marcante, pois é na simplicidade de seus personagens e de seus universos particulares que podemos refletir acerca da complexidade existente em cada um de nós. Porque o segredo está na simplicidade. Porque a simplicidade é a marca registrada de Batista de Lima, um grande mestre e um talentoso contador de histórias.



 

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