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O Grupo Siriará e a SBPC


Batista de Lima


Não encontramos as atas das reuniões de número 3, 4 e 5 do Grupo Siriará. Daí que chegamos à de número 6, ainda em nosso poder. Essa sexta reunião aconteceu no dia 12 de maio de 1979. Dela participaram Adriano Espínola, Antônio Rodrigues de Sousa, Batista de Lima, Carlos Emílio Correia Lima, Fernanda Teixeira Gurgel do Amaral, Floriano Martins, Geraldo Markan, Jackson Sampaio, Natalício Barroso, Oswald Barroso, Paulo Barbosa, Rogaciano Leite Filho e Rosemberg Cariry. Entre os temas discutidos estavam: "O pacote de Literatura", a criação de comissões, o Projeto de Ativação Literária da UFC e a análise de um texto de Adriano Espínola.

Como conclusões dessa reunião, formaram-se comissões de trabalho para a seleção de textos do "Pacote de Literatura", sendo escolhidos: Adriano Espínola, Carlos Emílio, Geraldo Markan e Rosemberg; para a exposição de livros e revistas na SBPC, ficaram encarregados Batista de Lima e Floriano Martins. Para essa exposição, foi fundamental a contribuição do livreiro Luís Maia, ao nos doar 100 títulos de sua Livraria Renascença. Também o Departamento de Letras da UFC, através de seu chefe, professor Luís Tavares Júnior, aprovou a ideia dos Debates Literários. Para o primeiro debate marcado, "Literatura Brasileira: Impasses e Perspectivas", debateram com Adriano Espínola, Carlos Emílio e Gilmar de Carvalho.

A sétima reunião do Grupo Siriará ocorreu em 19 de maio de 1979. O número de escritores que participaram foi bem maior. Estavam presentes: Adriano Espínola, Antônio Rodrigues de Sousa, Batista de Lima, Carlos Emílio, Eugênio Leandro, Fernanda Teixeira Gurgel do Amaral, Floriano Martins, Geraldo Markan, Gilmar de Carvalho, Jackson Sampaio, Márcio Catunda, Marly Vasconcelos, Natalício Filho, Oswald Barroso, Rogaciano Leite Filho e Rosemberg. Entre os assuntos discutidos, destacaram-se o texto de Márcio Catunda para o debate sobre "Literatura Brasileira: Impasses e Perspectivas", e a participação do Grupo na reunião da SBPC. Foi também importante a apresentação dos relatórios das comissões de trabalho, criadas em reuniões anteriores, pois demonstrou a seriedade como o Grupo trabalhava.

Nessa reunião foi confirmada a participação de Moreira Campos e Antônio Girão Barroso para o debate sobre "Literatura Cearense ontem e Hoje". Como tudo se preparava para participação na SBPC, Antônio Girão Barroso colocou à disposição do Grupo, 100 exemplares da revista "Sociedade Cearense de Geografia e História", para venda durante o evento. Nessa edição da SBPC, o Coordenador Regional era o Professor Diatay Bezerra de Menezes que conseguiu, com o Diretor do Centro de Humanidades da UFC, Heitor Faria Guilherme, a liberação do Auditório José Albano para a realização das atividades do Grupo. Muitos intelectuais que vieram para a SBPC tiveram encontro com o pessoal do Siriará, como, principalmente, Darcy Ribeiro.

Como se observa, o Grupo Siriará tencionava atuar em várias frentes. Foi assim que nessa ocasião planejaram-se e depois foram realizados dois eventos no Teatro José de Alencar. No dia 15 de julho houve uma teatralização dos textos do pessoal do Grupo e convidados. Já no dia 17 do mesmo mês houve um Recital de Cantadores e Poetas Populares em homenagem a Patativa do Assaré. Foi também nessa ocasião que o poeta e livreiro Manoel Coelho Raposo cedeu números encalhados da revista "O Saco" para a venda no estande do Grupo na SBPC. Foi também apresentada a versão final do texto da peça "Essa História de Poesia", que foi dirigida por José Carlos Matos.

Como não encontramos registros da oitava e da nona reuniões, chegamos à décima que foi o último encontro registrado do Grupo. Tendo se realizado a 9 de junho de 1979, contou com as presenças de: Adriano Espínola, Carlos Emílio, Eugênio Leandro, Fernanda Teixeira Gurgel do Amaral, Floriano Martins, Geraldo Markan, Joacir Tavares, Lydia Teles, Natalício Barroso Filho, Nirton Venâncio, Oswald Barroso e Rogaciano Leite Filho. Nesse encontro ficaram conhecidos os nomes dos atores que iriam teatralizar os poemas do Grupo sob a direção de José Carlos Matos. Seriam eles: Gracinha, Erivan, Maurício, João Antônio, Ângela e Socorro.

No dia 11 de junho o Grupo Siriará promoveu uma noite de autógrafos de escritores cearenses no Teatro da Encetur. É bom lembrar que na época os principais livros lançados por autores do Grupo foram editados pela Editora Moderna. Assim, foram lançados "A Cachoeira das Eras", de Carlos Emílio Correia Lima; "O Grande Pânico", de Aírton Monte e "O Cabeça de Cuia", de Paulo Veras. Outros livros de edição independente também foram lançados na ocasião. Acontece, entretanto, que esses três citados foram os mais festejados, não apenas pelo conteúdo literário, mas talvez pelo fato de serem editados no sul maravilha. Estávamos praticando um colonialismo que tanto rejeitávamos.

Esse momento histórico do Grupo Siriará também ficou marcado pela encenação, no Teatro José de Alencar", do espetáculo "Essa História de Poesia". Na entrada do Teatro as pessoas recebiam um Programa do evento. A equipe de seleção e montagem do texto foi formada por Floriano Martins, Jackson Sampaio e Oswald Barroso. Cada um dos autores selecionados era contemplado com a interpretação de um texto. No Programa todos os textos foram transcritos. No final do prospecto aparecia o nome do autor e alguns dados biográficos. Participaram com textos: Oswald Barroso, Antônio Rodrigues, Márcio Catunda, Rogaciano Filho, Joacir Tavares, Nirton Venâncio, Jackson Sampaio, Floriano Martins, Carlos Emílio, Paulo Barbosa, Marly Vasconcelos, Geraldo Markan, Silvio Barreira, Eugênio Leandro, Fernando Néri, Lídia Teles, Aírton Monte e Adriano Espínola.

Esses foram os eventos produzidos pelo Grupo Siriará. Terminada a SBPC, o Grupo partiu para a análise de sua própria produção. Todos do Siriará, mais de duas dezenas de componentes, já haviam publicado alguma coisa. Era preciso, a partir daquele instante, fazer uma autocrítica. Foi aí que as vaidades afloraram. Nós não resistimos a essa crítica que praticamente inexistia na Literatura Cearense. Houve atritos, discussões e criaram-se algumas animosidades, dada a diversidade ideológica que começou a vir à tona. O grupo dividiu-se em mini-grupos como Nação Cariri, Grupo Arsenal e outros. Ficou no entanto muita produção boa, muita memória literária e um "Manifesto Siriará" que traz toda a proposta do Grupo.


FONTE: Diário do Nordeste - 14/05/13.


 

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