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  • Foto do escritorBatista de Lima

O glamouroso Crato Tênis Clube

Batista de Lima


O Crato Tênis Clube (CTC) foi inaugurado na noite de 27 de maio de 1950, segundo Humberto Cabral, em festa ao som da orquestra do famoso maestro Gregório Barrios. Já Heitor Bezerra de Brito, em seu depoimento, afirma que essa inauguração se deu em 27 de maio de 1949. J. Ronaldo Brito diz que a inauguração se deu em 1950, sem especificar o dia, mas chega a afirmar que a primeira música tocada pela orquestra, na inauguração, foi a canção, sucesso da época, "Siboney".

Maria do Céu Vilar Alencar Araripe diz que estava presente na inauguração, em 27 de maio de 1950, e que tudo foi iniciativa do prefeito do Crato, na época, Dr. Décio Teles Cartaxo.

Regina Vilar, filha do primeiro presidente do CTC, João Correia Villar, assevera que o clube foi fundado em 1949, e que na inauguração foi contratada e animou a festa a Orquestra Marajoara, de Sertânia, Pernambuco, terra natal de sua mãe.

Rita Maria Lopes Guedes defende 1950 como ano da inauguração. Esse mesmo ano, no dia 27 de maio, é o que defende Tereza Neuma Bezerra Tavares Vilar. Francisco Pedro de Oliveira é categórico ao afirmar que a inauguração se deu no dia 27 de maio de 1949. Essas informações não foram captadas de "ouvi dizer". Elas estão escritas no opúsculo "Crato Tênis Clube - Relembrança de um tempo glamouroso".

Essas datas desencontradas não tiram o brilho dos depoimentos que compõem essa coletânea de relembranças. Sabe-se que ultimamente o Crato Tênis Clube, referência entre os congêneres da região, perdeu muito do seu brilho que cintilava nas décadas de 1950 e 1960.

Todos esses autores dos textos de reminiscências foram frequentadores assíduos do CTC, nessas duas primeiras décadas de sua história. Acontece que em 2010 essas pessoas se reuniram em mutirão numa reconstrução dos anos dourados de que desfrutaram, através de textos lacrimosos.

Esse retorno tem o sabor de reativação da banda Hildegardo & Seu Conjunto executando as mais belas músicas nacionais e internacionais para deleite da juventude dourada do Cariri.

Afinal, o CTC atraía jovens de várias cidades do Sul do Ceará, do Cariri pernambucano e de alguns municípios da Paraíba. Sua arquitetura, nos moldes do Maguary, de Fortaleza, possuía arcadas em estilo neocolonial, com pista de dança, quadra de tênis, piscinas, restaurante e quadra de futebol de salão e voleibol.

Nos primeiro anos, os rapazes compareciam de terno e gravata e as moças, com modelos de última moda, adquiridos muitos deles, em estilistas de Recife ou Fortaleza. Era um desfile de beldades, geralmente moças bem nascidas, alunas do Colégio Santa Tereza, e os rapazes do Colégio Diocesano. Ali, a brilhantina, o laquê, afora os perfumes franceses da moda espartizam olores que o tempo deixou cravado naquelas vetustas arcadas. São velhos tempos trazidos de volta da mais bela forma.

As crônicas memoriais estão a cargo de Jézer de Oliveira, Humberto Cabral, Amarílio Carvalho, Heitor de Brito, José Bezerra, Ronald Brito, Rocélio Siebra e Francisco Pedro de Oliveira. Esse rapazes da época, hoje grisalhos, apresentam crônicas mais contidas, sem as revelações tão românticas quanto os escritos das mulheres. Essas derramam-se em confissões do mais glamouroso romantismo, além de se apresentarem numa profusão de fotos da época, em que se apresentam com seus mais belos vestidos da moda.

Aquelas adolescentes da época, hoje senhoras mães de família, outras até avós, estão bem colocadas no mercado de trabalho. São elas: Valdênia Correia, Clymene Villar, Conceição de Figueiredo, Dulcilene Lacerda, Eleonora de Albuquerque, Geny Temóteo, Auristela Sampaio, Maria do Céu Vilar, Fátima Bezerra, Silvanira Gomes, Moema Alencar, Noemi Arraes, Norma Brito, Regina Vilar, Rita Guedes, Telma de Figueiredo, Tereza Neuma Bezerra, Terezinha Oliveira, Veralúcia Maia e Zânia Maria. Todas revelam em detalhes suas participações nas festas de debutantes, no São João, no Revéillon, nos esportes e nos desfiles de misses.

Toda aquela juventude de hábitos sadios, herdeira da sociedade aristocrática do Crato, volta nesses textos para reconstituir um cenário que vinha caindo no ostracismo. Eram jovens que gravitavam em um cenário que ia da Praça Siqueira Campos, do Cine Moderno, passando pela Praça da Sé, esgueirando-se entre o Colégio Santa Tereza e o Madre Ana Couto, com a Rádio Educadora, para chegar ao Crato Tênis Clube. Esse clube deu vida ao Pimenta que se tornou o bairro da elite cratense. Há, além desse itinerário, as incursões pela AABB, Quadra Bicentenário, Rádio Araripe e Clube Grangeiro. Interessante, no entanto, era o charme do Crato Tênis Clube, em que uma juventude se divertia, de forma comportada, seguindo normas sociais e católicas da cidade, em que famílias tradicionais ao transmitirem esses valores, construiu uma geração de cidadãos e cidadãs, como exemplo para os tempos atuais.


FONTE: Jornal Diário do Nordeste - 25/02/14.


 

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