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Notáveis mulheres da ALA

Batista de Lima


A ALA Feminina da Casa de Juvenal Galeno existe desde 1936. Fundada por Henriqueta Galeno, congrega escritoras cearenses e divulga suas produções literárias. Sua mais recente obra escrita foi uma coletânea de perfis de “Mulheres notáveis”, coordenada por Matusahila Santiago. São 198 páginas, editadas pela Expressão Gráfica e Editora, neste 2019. Ao todo, 21 mulheres de nosso Ceará, nacionais e internacionais se perfilam com dados e características de suas personalidades. É evidente que umas despertam grande interesse pelo leitor, diante da importância que conquistaram, outras nem tanto.

As biografias de heroínas internacionais, que já foram estudadas e até transformadas em filmes, dificilmente apresentam novidades, diante da devassa que já ocorreu em suas vidas. É o caso de Joana D’Arc e sua saga. Já com relação aos nomes nacionais fora do Ceará, Clarice Lispector é inesgotável, principalmente diante do tratamento recebido por Luciana Bessa Silva que escreveu o mais consistente artigo da coletânea. Seu texto científico acentua a busca de Clarice pela essência dos seres, o que sugere uma análise ontológica de sua obra. Não é fácil o estudo da obra clariceana dada a sua forma de encarar seus personagens sempre partindo do íntimo do ser para sua superfície.

Nesse mesmo caminho é bom rever Eunice Weaver, Princesa Isabel, Zilda Arns, Nise da Silveira e Maria Clara Machado. No caso de Chiquinha Gonzaga, o leitor vai além, e termina por ir ouvir algumas de suas belas músicas. Inclusive, “Ó abre alas”, que nos transporta ao carnaval de qualquer época. Outro perfil que chama a atenção é o de Cora Coralina que se impôs, nacionalmente, com sua poesia guerreira. Depois dos 75 anos foi que apareceu com seu primeiro livro, conquistando público e crítica. Sua força de expressão poética empolgava o público, inclusive a este escriba, em palestra que essa poetisa proferiu na Universidade de Fortaleza.

Entre as poucas mulheres cearenses que aparecem na coletânea, chama a atenção o perfil de Auri Moura Costa, elaborado por Gizela Nunes da Costa. A doutora Auri, em 1939, conquistou seu posto na magistratura, por concurso, sendo a primeira mulher no Brasil a galgar tal feito. Esse pioneirismo de nossa cearense a torna digna de ser louvada nessa seleta de personalidades femininas de nossa terra. No mesmo patamar pode-se colocar Bárbara de Alencar, cujo texto de Maria Nirvanda Medeiros é uma porta aberta para um universo de feitos dessa guerreira caririense. Avó de José de Alencar, teve dois filhos mortos em revoluções libertárias: Tistão de Alencar e Alencar Peixoto.

Chama a atenção entre essa plêiade de notoriedades femininas, a presença de Fideralina Augusto Lima, cujo perfil foi traçado por Fátima Lemos. Em pouco mais de três páginas a autora resumiu com mestria, o caráter dessa valente mulher que com mão de ferro dominou a cena política lavrense por mais de cinquenta anos. Primogênita de onze irmãos, e mãe de doze filhos, além de proprietária de inúmeras fazendas, seu coronelato era secundado por centenas de cabras a seu dispor. Foi mulher respeitada pela valentia, pela riqueza e pela determinação.

Ao final dessa visita a 21 “Mulheres Notáveis”, o leitor conclui que valeu a pena a leitura. Desde Henriqueta Galeno, fundadora da Ala, e tão bem estudada por Sylvia Helena Medeiros Braun, até chegar à atual presidente Matusahila Santiago, a Ala tem contribuído para disseminar a nossa cultura livresca. Também tem mantido em evidência Juvenal Galeno e sua casa como centro de cultura. Como leitor, deixo a sugestão que na próxima antologia sejam contempladas as cearenses: Maria Tomásia, Jovita Feitosa. Alba Valdez, Elvira Pinho, Ana Facó, Francisca Clotilde, Natércia Campos e Nadi Pápi Saboia.


jbatista@unifor.br.

17/12/19.

 

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