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História das universidades

Batista de Lima


Melhor do que indicar a data exata do surgimento da primeira universidade é acompanhar a sua evolução através dos tempos. Pode-se mergulhar na história e se chegar a tempos antes de Cristo, na China e na Grécia, e se detectarem os embriões das universidades. Naqueles tempos remotos, era a Filosofia uma espécie de mãe para todas as artes e o Sânscrito a irmã mais velha de todas as línguas. Para os filósofos, nós viemos ao mundo para sermos felizes. Ser feliz era uma arte a requerer sabedoria em todos os momentos. Daí que os gregos foram os grandes amantes da sabedoria.

Para conhecer a história das universidades, necessária se faz a leitura desse compêndio "Universidade - uma história ilustrada". São 464 páginas da edição de Fernando Tejerina, da Universidade de Valladolid. Há uma equipe de coordenadores e outra de colaboradores oriundos das mais famosas universidades da atualidade. O patrocínio dessa edição de luxo, devidamente ilustrada, é do Banco Santander, com seu lema "investir para o futuro da educação". A equipe de pesquisadores, especialistas e acadêmicos além de apresentar a evolução das universidades, preocupou-se em pesquisar também sobre as grandes bibliotecas que as respaldam.

Desde a antiga Biblioteca de Alexandria, destruída por um incêndio e reconstruída na Modernidade, hoje com oito milhões de volumes, as melhores universidades se caracterizam também por possuírem as maiores bibliotecas. Essas bibliotecas se compõem todos com cifras de milhões de volumes. A Universidade de Yale que não é das maiores, por exemplo, tem lá seus treze milhões de volumes. Então é possível se fazer uma escala com essas grandes universidades e suas grandes bibliotecas para se verificar a existência de acervos com dezoito ou vinte milhões de volumes. Nesse livro é possível pinçar dados também do número de alunos.

Esse número de alunos é um dos temas de discussão dos intelectuais que acham que a massificação do ensino ocorre em detrimento de sua qualidade. A Universidade de Delhi, na Índia, com seus dois milhões e duzentos mil alunos não consegue ter a mesma qualidade de ensino que a nossa brasileira USP que com seus setenta e oito anos de funcionamento, considerada a melhor do Brasil, possui apenas oitenta mil alunos. Por falar em USP, dada "a grande concentração de talentos, abundância de recursos e governo favorável", é considerada de nível mundial, única no Brasil com esse selo que a coloca no elenco das cem melhores do mundo.

Uma das saídas das grandes universidades para resolver a questão da quantidade sem prejudicar a qualidade tem sido os intercâmbios universitários. A China tem se tornado um exemplo para resolver o problema da imensa quantidade de alunos de suas universidades. Da mesma forma acontece na Europa onde o intercâmbio foi mais facilitado com o Mercado Comum Europeu e o aparecimento do Euro. Quanto às universidades americanas, essas vêm há tempos praticando esse intercâmbio. Outra forma de melhorar a qualidade do ensino é dar condições ao estudante de levar sua vida no campus.

É por isso que a universidade do futuro será aquela que possuir um campus didático, com edifícios acadêmicos. O equilíbrio ecológico e outras condições de se viver bem no campus dará uma estabilidade emocional ao estudante e tornará o ambiente tão saudável que ele não precisará se afastar do recinto da universidade. Só assim o ambiente universitário poderá ter uma atmosfera oscilante entre rigor e prazer, o que poderá levar a um aprendizado mais efetivo. A "mens sana in corpore sano" nunca esteve tão presente nos ambientes universitários como agora.

Esse compêndio ilustrado sobre a História da Universidade foi elaborado com esmero, tanto no texto como nas fotografias. Verdadeira arqueologia feita por pesquisadores universitários, a Universidade vai mostrando sua face desde os tempos clássicos dos gregos, passando pelos romanos com o seu Direito que serviu de base para os estudos jurídicos de todo o Ocidente, tendo o tempo de Justiniano como o mais representativo. Logo em seguida é importante se observarem os "Scriptoria", nos monastérios, verdadeiras salas de leitura ao lado das grandes bibliotecas, principalmente da Idade Média.

Outro fenômeno em crescimento e de resultados exitosos tem sido a Educação a Distância. Há ainda algumas resistências entre educadores conservadores que de princípio consideravam esse tipo de educação adequada apenas para países subdesenvolvidos. Ledo engano. Hoje as melhores universidades estão incrementando essa modalidade de ensino. Basta citar aqui os dois centros universitários que estão em 1º e 2º lugares no ranking internacional. Harward e o MIT, pois os dois possuem meio milhão de alunos a distância.

Ao final da leitura de "Universidade - uma história ilustrada", o leitor conclui que a universidade atual precisa se coadunar com tudo aquilo que a modernidade proporciona. Em primeiro lugar, as novas tecnologias de comunicação. Há um marco para a história universitária limitado pelo surgimento do computador e culminado pelo alastramento da internet com todas as redes sociais suas derivadas. Depois, a Educação a Distância e o intercâmbio do alunado. Não se podem esquecer os campi para vivências e convivências e as grandes bibliotecas e videotecas. As universidades são os melhores laboratórios de um mundo pós-moderno em que as distâncias se acabaram e os limites se extrapolaram para o surgimento de uma grande Aldeia Global. Entretanto não se pode esquecer o princípio e a evolução de tudo isso, afinal a história continua sendo a mestra da vida.


FONTE: Jornal Diário do Nordeste - 21/05/13.


 

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