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  • Foto do escritorBatista de Lima

Dia Nacional do Escritor é lembrado com encontros na Capital buscando reiterar importância do narrar

Por Diego Barbosa, diego.barbosa@verdesmares.com.br - 25 de Julho de 2019.


Autora cearense Ana Miranda e Grupo Chocalho são dois que estarão à frente de atividades na data dedicada aos escritores e escritoras.


Vencedora do Prêmio Jabuti, Ana Miranda fará leitura de trecho da obra de Raduan Nassar

É a impossibilidade de ver as coisas de qualquer outra maneira. É transmitir vida, emoção, o que conhecemos e sabemos. É o jeito de ser de muitos jeitos, alguns, vale mencionar, estranhos. Independentemente da definição - se herdada, respectivamente, de Drummond, Jorge Amado ou Caio Fernando Abreu - certo é que escrever guarda mistério. Afinal, o que esconde o ato de silenciar, juntar palavra à outra e, dessa dinâmica, criar universos inteiros?

Para a escritora cearense Ana Miranda, a incógnita se constrói em complexidades. "Acredito que a literatura, o hábito de escrever, é ver o invisível e dizer o indizível. Celebrar a escrita, assim, faz-se exercitando. É preciso que as pessoas que conhecem os poderes desse ato transmita-os a outras, para que elas tenham possibilidade de escolha", sublinha.

"A escrita é um dos processos mais avançados da mente humana. É a maneira como as pessoas se comunicam, se expressam, deixam legados".

Autora de "Desmundo", "Boca do Inferno", entre tantas outras obras de relevo em nossa literatura, Ana é um dos nomes que celebrará o Dia Nacional do Escritor, comemorado nesta quinta-feira (25), realizando atividades na Capital de fomento à arte da escrita e, consequentemente, da leitura. O Verso, nesta matéria, sinaliza dois dos vários encontros que enaltecerão a data, começando pelo qual a literata vai participar.

Trata-se de momento gratuito sediado na Biblioteca Pública Espaço Estação, no Centro, a partir das 15h30. Na ocasião, Ana lerá trecho de "Lavoura Arcaica", título seminal do paulista Raduan Nassar e que está entre os três homenageados na XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará, marcada para acontecer de 16 a 25 de agosto, no Centro de Eventos.

A iniciativa, assim, além de homenagear a todos e todas que fazem da palavra instrumento de afirmação no mundo, também se projeta enquanto uma das ações pré-Bienal, aquecendo os ânimos do público para as discussões e diálogos que vêm pela frente. "'Lavoura Arcaica' é um monumento literário, um dos livros mais belos e profundos e universais de nossa literatura. Da obra, lerei 'A Dança de Ana', um dos textos mais lindos de todos os que já foram escritos em Língua Portuguesa", detalha a escritora.

Na programação da Bienal, vale lembrar, estão autores como Mia Couto, Tércia Montenegro, Conceição Evaristo, Eucanaã Ferraz, Nina Rizzi, entre outros representantes estaduais, nacionais e internacionais, cujo ofício se desdobrará na participação em mesas e conversas com o público. Ana Miranda divide a curadoria do evento com os professores Inês Cardoso e Carlos Vasconcelos.

Debates

Em distinto pedaço da cidade, na Casa de José de Alencar, outro evento prestará tributo ao exercício da escrita por meio da realização do VII Congresso de Escritores, Poetas e Leitores do Ceará. Capitaneada pelo Grupo Chocalho - uma das agremiações mais longevas do Estado no que toca ao fomentar práticas relacionadas à literatura, gestado em plena ditadura militar brasileira, com 35 anos de fundação -, a ação almeja discutir questões importantes referentes ao mercado, técnicas e amplitudes do livro.

Perspectivas relacionadas à edição, circulação e comercialização de obras de autoria cearense; criação de espaço nas livrarias para a venda de nossa produção literária, além de lançamento da proposta de incentivar a Cooperativa dos Escritores do Ceará estão entre as discussões planejadas.

"Estamos oferecendo várias palestras com foco na nossa cultura e literatura. Todos os palestrantes, vale menção, já confirmaram a participação", garante o professor, jornalista, escritor e produtor cultural Auriberto Vidal, um dos integrantes do grupo.

Batista de Lima, Oswald Barroso, Ubiratan Aguiar, Adísia Sá, Carlos Emílio Corrêa, Francinete Azevedo, Dimas Carvalho e diversidade de respeitados personagens de nossas letras marcarão presença. Além do congresso principal, também acontecerá o Congressinho, destinado ao público infanto-juvenil, promovendo espaço para formação de novos leitores e leitoras. A robusta programação acontece hoje e amanhã.

Conforme Auriberto, "geralmente, a crítica literária brasileira e o público em geral desconhecem nossa própria cultura. Críticos do eixo Rio-SP defendem seus movimentos e escritores, sempre citados nas obras de construção da literatura nacional. Então, resolvemos badalar, berrar para chamar atenção para nós".

Gritar anunciando, por exemplo, que a Padaria Espiritual revolucionava o campo da arte escrita antes mesmo da Semana de Arte Moderna. E que nossa Academia de Letras é a mais antiga do Brasil. Igualmente, considerar a atuação de grupos como Clã, Nação Cariri, Movimento de Arte Popular do Pirambu, Grupo Comboio, Ceia Literária, Chocalho e outros.

Escrever, como se percebe, transborda linhas, entrelinhas e perspectivas. É, sobretudo, ato político e potente. Feito Auriberto considera:

"Nossa luta diária é para fazer com que o nosso próprio povo desperte para dias de mais poesia, pão e paz".

Demarcar a palavra no papel também é isso.



Serviço Leitura de “Lavoura Arcaica”, por Ana Miranda Nesta quinta-feira (25), a partir das 15h30, na Biblioteca Pública Espaço Estação (Rua 24 de Maio, 60 - Centro). Gratuito. Contato: (85) 3101-6799

VII Congresso de Escritores, Poetas e Leitores do Ceará Nesta quinta (25) e sexta-feira (26), a partir das 8h em cada dia, na Casa de José de Alencar (Av. Washington Soares, 6055 - José de Alencar). Gratuito. Contato: (85) 3229-1898. Mais informações no blog do Grupo Chocalho

> Saiba Mais: A origem do Dia Nacional do Escritor

25 de julho, dia em que se comemora o Dia Nacional do Escritor, foi data instituída em 1960 pelo então presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), João Peregrino Júnior, e o vice-presidente, o autor baiano Jorge Amado. Surgiu após a realização do I Festival do Escritor Brasileiro, iniciativa da UBE. O sucesso do evento abriu precedentes para que, por meio de um decreto governamental, ficasse consolidada a data, reiterando a relevância do profissional das letras em todo o Brasil.


FONTE: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/verso/dia-nacional-do-escritor-e-lembrado-com-encontros-na-capital-buscando-reiterar-importancia-do-narrar-1.2127425


 

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