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Cybelle Pontes e a semelhança das gentes

Batista de Lima




Cybelle Pontes é uma viajante que parece estar sempre usando botas de sete léguas. Vence as distâncias desde os tempos em que, na companhia do esposo Osmundo Pontes, encetava viagens aos mais longínquos países. Depois da morte do acadêmico e juiz Osmundo, a viuvez de Cybelle teve como lenitivo a continuidade das viagens que antes fizera com o marido. Os locais que ainda não havia visitado passaram a ser seu objetivo andejo.

Suas viagens não são apenas turismo e lazer, são também pesquisa de caracteres de cada lugar visitado. Anotando tudo de importante que conhece, já está no seu segundo livro documental do que vê e do que pesquisa. Primeiro escreveu sobre a África, desta feita voltou-se para a Austrália e o Alasca. E aí é só comparar o que há de similitude entre estas duas localidades separadas por uma distância de 11.658 quilômetros. E para surpresa, vão surgindo formas comuns de viver, comportamentos, sonhos e sentimentos similares.

Tudo está posto entre belas ilustrações no seu mais recente livro, "A humana semelhança das gentes", da Expressão Gráfica e Editora, neste 2016. Em 123 páginas de textos bem lapidados e fotografias coloridas e ilustrativas, o livro tece uma certeza para seus leitores: as distâncias enormes entre os dois povos visitados não lhes estabelece grandes diferenças de linguagem, língua e fala. São essas semelhanças de gentes que nunca mantiveram contatos, que nos fazem crer que o homem, desgarrado ou não, é quase o mesmo em qualquer parte. Ele arrasta consigo tradições e comportamentos que mantêm uma capilaridade fraterna

A Introdução do livro foi escrita pelo acadêmico Juarez Leitão que começa por citar Marco Polo como grande viajante do século XIII, devassando o Oriente. Depois qualifica o doutor Osmundo Pontes como um "pé de vento", por ser um viajante inveterado, herança que sua esposa Cybelle guardou e continua exercitando. E a autora termina por confessar ao professor Juarez que ao viajar em grupo, primeiro cria laços de afetividade para depois exercitar a efetividade através da liderança que conquista entre as pessoas.

Nesse seu segundo livro, ela primeiro trata da viagem à Austrália, o mais novo dos continentes. Começa narrando a odisseia de 35 horas de voo para chegar em Melbourne. É evidente que é preciso lembrar que nesse percurso houve paradas breves em Santiago, no Chile, na Ilha de Páscoa e no Tahiti. Em cada uma dessas paradas, suas anotações vão descrevendo tudo aquilo que preenche a curiosidade do leitor. Os cangurus aparecem nas fotografias, assim como a floresta de eucaliptos, os coalas e o senso de preservação memorial do povo australiano.

Depois de Melbourne vem a visita a Camberra, a capital, Sidney e Adelaide, sem esquecer uma visita ao interior para conhecer o cultivo da laranja, do trigo e a produção de aveia. Quando está no perímetro urbano, sua descrição privilegia os belos jardins das cidades, as praças, a limpeza das ruas e os teatros. Termina por exaltar os 25 dias de agradável convivência com a comitiva, que além do turismo, também estava ali para participar de um Congresso de Irrigação.

A segunda viagem tratada no livro tem como objetivo, conhecer o Alasca, em um la do totalmente oposto do planeta. O percurso é Fortaleza - São Paulo - Toronto - Vancouver, de avião, para então embarcar em um transatlântico com destino ao Alasca. Nessa viagem, que era apenas turismo cultural, Cybelle Pontes se preocupa até em narrar a história do Alasca, que foi adquirido pelos Estados Unidos, da Rússia, em 1867. Esse quinquagésimo estado americano é o de maior extensão e de menor população, além de ser o mais frio.

O Alasca, "a última fronteira selvagem", banhado pelo Ártico e pelo Pacífico vai sendo descrito com vigor linguístico como forma de incutir no leitor a sua densidade natural. Há encantamento na sua exuberante natureza de grandes montanhas, exuberantes florestas, recantos gelados e águas piscosas, que lhe proporcionam a indústria da pesca. Tudo isso é visto e anotado pela turista escritora, Cybelle Pontes, nessa sua crônica de viagem que termina por nos proporcionar o mesmo percurso sem termos que sair de casa.


FONTE: Jornal Diário do Nordeste - 09/08/2016.


 

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