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  • Foto do escritorBatista de Lima

Casa do Ceará

Batista de Lima


A Casa do Ceará, em Brasília, acaba de completar 50 anos. Fundada em 15/10/1963, tem se configurado, ao longo desse período, como a embaixada do Ceará na Capital Federal. Quando essa Capital era o Rio de Janeiro, lá já existia a Casa do Ceará, fundada que fora pelo deputado Chrisantho Moreira da Rocha. Com a mudança para o Planalto Central, da Capital Federal, Brasília também foi contemplada com a fundação da Casa do Ceará. Para isso se uniram o próprio Chrisantho, com Esmerino Arruda, Fernando César Mesquita, Álvaro Lins Cavalcante, Ozires Pontes e Ernesto Gurgel Valente, entre outros.

O cinquentenário da Casa do Ceará, em Brasília, foi marcado por variadas comemorações. A mais singnificativa foi a publicação de um bonito livro com o título “Casa do Ceará – 50 anos”. São 336 páginas da Thesaurus Editora em que desfilam personalidades marcantes de cearenses ligados àquela Casa ou que contribuíram para o crescimento da Capital do Brasil. O patrocínio da publicação é do Grupo M. Dias Branco, com respaldo do Incentivo à Cultura da Lei Rouanet. Toda uma equipe de intelectuais trabalhou na elaboração dos textos, na pesquisa de campo e na garimpagem bibliográfica. Há também, em alguns casos, textos elaborados pelos próprios biografados.

É importante, entretanto, a leitura dos dados biográficos de cada cearense retratado no livro. Na grande maioria são políticos que saíram do Ceará com seus mandatos de Deputado Federal ou Senador, e que, chegando a Brasília, empenharam-se no trabalho de engrandecimento do Ceará e no fortalecimento da Casa do Ceará. Também destacam-se aqueles que ocuparam cargos em órgãos públicos da Capital Federal, principalmente no Poder Judiciário. Para o leitor, no entanto, chamam a atenção aqueles cearenses que saíram daqui, numa verdadeira aventura candanga e foram se destacar no Planalto Central. São esses heróis que mais despertam a curiosidade do leitor.

Como são muitos os homenageados perfilados ao longo do livro, ative-me a alguns que, de alguma forma, tocaram-me em particular. O primeiro deles foi o Márcio Catunda Ferreira Gomes. Conhecemo-nos na Casa de Juvenal Galeno lá pelo ano de 1969 quando fazíamos parte do Clube dos Poetas Cearenses. No princípio era o Carneiro Portela, o presidente do CLUPCE. Depois, dada a sua liderança, o Márcio Catunda passou à presidência. Naquele tempo ele fazia Direito na Universidade Federal do Ceará. Depois fez concurso para o Instituto Rio Branco, em 1983, e começou a trabalhar como diplomata em 1986. Márcio Catunda também é poeta de rara sensibilidade.

Outro a quem me ative com curiosidade foi Edmílson Caminha Júnior. Estreitamos amizade a partir do ingresso no Colégio Militar de Fortaleza em que, participantes do mesmo concurso, passamos a professores de Português daquela instituição. Saindo de Fortaleza, passou por Teresina, ocupando cargos públicos e terminou ancorando na Câmara Federal, através de concurso para Assessoria Parlamentar. Sua trajetória profissional não eclipsou a vida literária e jornalística. É tanto que entrevistou grandes nomes de nossa literatura, como Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto e Fernando Sabino. A última notícia que dele tive foi o seu ingresso na Academia Brasiliense de Letras.

O perfil que mais me tocou, no entanto, foi o de João Gonçalves de Souza. Nascido em Lavras da Mangabeira, no distrito de São José, que hoje se chama Mangabeira, foi o primeiro cearense Ministro Extraordinário dos Organismos Regionais. Nascera esse mangabeirense ilustre em 20 de agosto de 1913, vindo a falecer no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1979. Sua trajetória de vida se torna exemplar tendo em vista sua origem humilde no sertão cearense. As primeiras letras aprendeu-as nas escolinhas da vila natal, o que foi suficiente para ingressar no Ginásio do Crato. Mesmo assim, teve que suspender os estudos para ser apontador entre os cassacos que construíram estradas na época da seca .

Do Crato, João Gonçalves, após concluir o ensino médio, mudou-se para Salvador e posteriormente para o Rio de Janeiro onde tornou-se sacristão, para sobreviver. Continuando seus estudos, formou-se em Agronomia na Escola Nacional de Agronomia. Em seguida formou-se em Direito pela Universidade do Brasil. Viajando aos Estados Unidos, lá permaneceu e fez Mestrado em Sociologia Rural. Por lá também fez o Doutorado em Sociologia. Voltando ao Brasil, João Gonçalves galgou diversos cargos no Ministério da Agricultura, a maioria por concurso. Inclusive tornou-se Livre Docente em Economia e Sociologia na Universidade Rural do Brasil.

Com essa qualificação obtida através de variados cursos de graduação e pós-graduação, era de se prever que João Gonçalves de Souza também chegasse a ocupar cargos de muita relevância em gestão de órgãos públicos. Por isso foi que chegou o Subsecretário de Cooperação Técnica da OEA, Superintendente da Sudene e Ministro do Interior, no Governo Castelo Branco. Deixou significativos livros publicados, voltados para as áreas de sua atuação. Assim sendo, foi merecida a homenagem prestada pela Casa do Ceará a essa personalidade mangabeirense. Também não se pode negar o valor dos outros personagens homenageados no livro. Todos esses cearenses chegaram lá fora, em Brasília, principalmente, e honraram e honram o nome do Ceará. Foi pois, bem pensada essa ideia dos que fazem a Casa do Ceará em homenagear esses aguerridos cearenses que, mesmo fora do nosso Estado, glorificam a cearensidade.


04/02/14.


 

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