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Aíla Sampaio e a Literatura Cearense

Atualizado: 24 de jan. de 2020

Batista de Lima


O surgimento dos Oiteiros, em 1813, marca o início da trajetória da Literatura Cearense. Durante esses 207 anos de construção, o que se constata é uma valorização da terra como principal característica do seu caráter telúrico. Dos verdes mares bravios ao sertão quase sempre combusto, o olhar do escritor perscrutou a força do seu povo na resistência do permanecer. Por isso que o estudo dessa Literatura tem acompanhado a saga da população, produzindo manuais de pesquisa e relatos de estudiosos sobre essa arte. Isso é o que demonstra Aíla Sampaio nesse seu livro “Literatura no Ceará”, das Edições INESP, de 2019.

Nas suas 155 páginas, a Literatura Cearense perfila-se em ordem cronológica. Daí que a parte inicial da obra se configura mais como um registro fiel da história dessa Literatura, caracterizada por uma sucessão de grupos literários. Depois disso começa uma garimpagem do que acontece hoje no Ceará em termos literários. Os grupos do século XIX e a força do Grupo CLÃ, já no século XX, vão dando lugar a uma nova onda de manifestações artísticas em que a Literatura se destaca evoluindo de novas formas de divulgação através de Blogs, Sites e Redes Sociais.

Aíla Sampaio, quando trata da Padaria Espiritual, enfatiza o Ideário Modernista que ai já se delineava. Esse viés de seu trabalho se concretiza quando ela ingressa na análise do Grupo Clã como pavimentador do Modernismo no Ceará. Esse grupo foi sucedido pelos impulsionadores do Concretismo em nosso Ceará, seguindo as trilhas dos arcanos paulistas desse movimento. É importante acrescentar que nesse momento (1957), houve em terras alencarinas uma vivência frutífera dos concretos com o pessoal da SCAP, Sociedade Cearense de Artes Plásticas.

Acontece que esse livro da professora Aíla, docente da Universidade de Fortaleza, é puramente em torno da ebulição literária que tem ocorrido no Ceará. Aí desponta a Bienal do Livro, já realizada em treze edições, além dos prêmios literários: Prêmio Cidade de Fortaleza, Prêmio Ideal de Literatura, Prêmio Osmundo Pontes, Prêmio Literário Unifor entre outros. Todos os concursos literários estão sempre a revelar entre veteranos escritores, autores novos ainda desconhecidos do público mas que finalmente encontraram espaço para exibir seus talentos.

Aíla Sampaio, doutora em Literatura, já vem há bastante tempo lidando com a arte literária. Seu livro “Amálgama”, 1991, é prova de sua capacidade criativa na elaboração poética. É também autora da coletânea de poemas que traz o título de “Desesperadamente nua”, 1987, e, completando sua trilogia poética, ela publicou “De olhos entreabertos”, 2012. Na área de ensaios ela tem publicados: “A Literatura em Fortaleza”, 2019, e o precioso ensaio “Os fantásticos mistérios de Lygia”, 2009. Seu blog “De olhos entreabertos”, é permanentemente enriquecido com poemas, contos e prosa poética. A militância literária dessa escritora fica mais enriquecida com essa sua pesquisa em torno da “Literatura no Ceará”.

Essa sua leitura em torno da “Literatura no Ceará”, pela primeira vez privilegia as mais recentes manifestações que ocorrem em sua terra. Isso é importante porque os outros pesquisadores de nossa Literatura têm se preocupado com a história dos nossos literatos e suas publicações. Isso leva a um certo afastamento do que está acontecendo no momento mais atualizado. No caso de Aíla Sampaio acontece o contrário, ela vai fundo nas Redes Sociais e detecta Blogs, Sites, Concursos, Academias, Grupos, Antologias e Prêmios Literários. Assim o leitor fica ciente de que vivemos uma ebulição literária no Ceará. Isso é muito bom.


21/01/2020.

 

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