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As sete irmãs de Saboeiro

Batista de Lima


Saboeiro é uma cidade cearense que tem feito história. Seu nome tem origem numa planta de sua região, chamada sabonete. Dos frutos dessa planta é possível se produzir sabão. Isso era o que acontecia nos Inhamuns, região em que se originou a cidade das sete irmãs. Elas chegaram com os pais, e às margens do rio Jaguaribe se fixaram, dando origem ao povo saboeirense. Casaram-se com portugueses que por ali se fixaram com o intuito de procurar ouro e terminaram se dedicando à pecuária. Foi, portanto, a partir do entrelaçamento dessas sete famílias que Saboeiro se tornou famosa cidade cearense.

A história dessa cidade está contada em detalhes por Antônio Erlindo Braga no seu livro “História de Saboeiro e as sete irmãs na Monarquia e na República”. Editado pela Paka-Tatu, de Belém, Pa, neste 2019, são 724 páginas com inúmeras informações sobre Saboeiro. Saboeirense telúrio, o Dr. Antônio Erlindo dedica um capítulo aos padres alemães e holandeses que exerceram o vicariato em sua cidade, o que levou a si e a muitos de seus conterrâneos a estudarem no Seminário Apostólico da Sagrada Família, em Crato. Também tive meus cinco anos de estudo naquela casa religiosa e testemunhei o contingente de seminaristas oriundos da histórica cidade dos Inhamuns.

Aqueles padres europeus que fundaram o Seminário Sagrada Família, no Crato, no final da década de 1940, tiveram importante trabalho educacional entre jovens do Cariri e dos Inhamuns. Por isso que Erlindo Braga se preocupa em citar a relação desses profissionais liberais que surgiram naquela casa religiosa. Daí que Saboeiro tornou-se um celeiro de juristas que marcaram a história do Ceará. É evidente que muitos vieram inicialmente da famosa Faculdade de Direito do Recife. Mas o gosto pela advocacia permaneceu até os tempos atuais como é o caso do autor do livro.

Chamam também atenção os clãs formadores daquela população: Fernandes Vieira, Braga, Feitosa, Arraes e Olinda. São poucos mas se expandiram por municípios vizinhos e por outros estados brasileiros. Até na corte imperial alguns tiveram aproximações através de títulos mobiliárquicos como é o caso do Barão do Icó, um Fernandes Vieira que depois tornou-se Visconde e sua esposa uma Viscondessa. É, entretanto, o sobrenome Vieira, que originário da Galícia, como cristãos novos, nos chegou por Serinhaém, em Pernambuco e invadiu o Nordeste brasileiro.

Vindo de Pernambuco, o casal Manoel da Rocha Franco e Maria Sanches de Carvalho eram pais das sete irmãs: Antônia, Senhorinha, Anacleta, Agostinha, Eugênia, Lina e Bernardina. Essas irmãs tiveram muitos filhos e milhares de descendentes, entre os quais o autor do livro, Antônio Erlindo Braga. Formado em Direito, com mestrado e doutorado em Ciências Jurídicas, DoutorErlindo, como professor da Universidade Federal do Pará, lecionou Direito Constitucional até chegar à aposentadoria. Por isso que grande parte do livro é dedicada aos estudos constitucionais nacionais, estaduais e municipais.

Essa história de Saboeiro e das sete irmãs é tão detalhada que o autor demandou mais de uma década de pesquisas, encetando viagens a arquivos nacionais e portugueses. Esta elaborado dentro das regras que regem os trabalhos científicos, obedecendo às normas da ABNT e apresentando vasta Bibliografia consultada. É tão criterioso, o autor, que as personalidades saboeirenses aparecem biografadas: Prefeitos, Vereadores, delegados, vigários, coletores e deputados nativos, na esfera estadual e federal. Pode-se afirmar que Erlindo Braga escreveu um tratado valioso sobre sua terra natal.


03/12/19.

jbatista@unifor.br

 

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