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Antologia do Colégio Militar

Batista de Lima


O Colégio Militar de Fortaleza, que tem esse nome desde 1962, prepara-se para seu centenário. É que ao ser fundado, em 1919, foi-lhe colocado o nome de Colégio Militar do Ceará, o que perdurou até 1942, quando passou a ser Escola Preparatória de Fortaleza. Mesmo passando por esses três momentos, sua orientação pedagógica não sofreu mudanças abruptas na continuidade. O Colégio tem preservado sua missão ao longo dos anos.

Agora, às vésperas da grande data, toda uma programação vem sendo preparada. Considero pois que o lançamento dessa “Antologia do Colégio Militar de Fortaleza” (2017 – 2018) seja já um dos primeiros eventos alusivos ao centenário. Afinal, a qualidade da publicação, somada à importância de seus conteúdos, credenciam a Antologia como um dos importantes lançamentos literários do ano em nossa cidade. Há pesquisa histórica, poemas, crônicas, contos e até cordel, tudo criação dos alunos.

É evidente que os alunos contaram com a zelosa orientação dos professores. Digo isso porque lecionei por onze anos naquela instituição e sempre presenciei essa harmonia entre professores e alunos. Por isso que entre as cinco instituições de ensino básico em que lecionei, antes de ingressar no ensino superior, foi no Colégio Militar, de 1984 a 1995, em que encontrei o melhor ensino ministrado em Fortaleza. O excelente nível de aprendizagem do corpo discente do CMF está refletido na Antologia.

O destaque entre os textos está no viés fantástico empreendido pelos autores. Acredito que a influência do cinema e da televisão sejam responsáveis pela ênfase nessa vertente literária. O aluno Vítor Araújo, com seu texto “Incrível! Fantástico! Extraordinário!”, foi cascavilhar na tradição oral, histórias de assombração que são de arrepiar leitores desavisados. Entre “O vulto de um cangaceiro” e “O cão da Itaoca”, ele ainda inclui outras histórias, umas reais e outras de ouvir dizer. Também merecem destaque os poemas escritos em ritmo de cordel, em que são enaltecidas figuras da nossa literatura.

Daí que Francisca Clotilde aparece estudada em sextilhas com redondilhas maiores e rimas nos versos pares. Toda sua saga de professora e feminista aparece coroada com seu livro “A divorciada” que chocou Fortaleza em 1905. Depois,. Domingos Olímpio é trazido de Sobral e colocado no livro da mesma forma, com sua “Luzia-homem”. A tudo isso se soma uma alegoria mais que interessante de “Romeu e Julieta”, cujo ponto chamativo é que o pai de Julieta, juntamente com Romeu e este escriba surpreendido, todos torcemos Ferroviário.

Nessa Antologia do CMF, é possível detectar os talentos literários que despontam e outros já cristalizados entre os alunos da Casa de Eudoro Correia. Merecem aplausos a Ten OTT Ms Marina Cavalcante Tavares Clemente e a Profa. Dra. Hildenize Andrade Laurindo pela organização dessa coletânea, isso após criteriosa seleção de textos empreendida pelos professores civis e militares daquela vetusta casa de saberes. O Professor Doutor Cap QCD João Carlos Rodrigues da Silva aparece com criteriosa apresentação. Daí que esse exemplo do CMF sirva de incentivo a outras instituições de ensino para divulgarem as produções de seus alunos.


FONTE: Diário do Nordeste - 08/11/2018.


 

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