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A pesquisa na escola

Batista de Lima



É curioso constatar que a situação do livro nas escolas cearenses ainda requer muito investimento para chegar a um patamar razoável (...) Com pouco mais de cem milhões de reais o nosso Estado poderia equipar as bibliotecas de seus colégios públicos dentro de uma situação ideal. A situação atual é preocupante A discussão em torno da pesquisa na escola leva-nos a conclusões curiosas. Uma delas é de que não possuímos pesquisa no ensino fundamental nem no médio. No entanto, quando o aluno ingressa no ensino superior, sem nenhuma prática, queremos transformá-lo em pesquisador. Acontece que nossas escolas do ensino básico não são preparadas para a pesquisa. Além disso, não há bibliotecas adequadas nem informatização de apoio. Com relação ao livro, necessário se faz que pelo menos haja, na escola, cinco títulos por cada aluno. Afinal, a bibliografia adequada é a primeira garantia de apoio ao pesquisador. Depois, está comprovado que se concentram na biblioteca de uma instituição de ensino, os principais ingredientes para se chegar a um laboratório perfeito. Não há pois laboratório que concentre mais diversidade temática e conteudística do que uma biblioteca numa escola. É bom, no entanto, não esquecer de que hoje uma biblioteca não se faz apenas com livro, apesar da significação etimológica que concentra. Empilhar livros numa sala não configura a existência de biblioteca. Ali necessita-se de alguém especializado para a organização, a conservação e o empréstimo do material. Necessita-se também de condições físicas ambientais para o estudante permanecer com condições de desenvolver atividades intelectuais. Isso leva à constatação, muitas vezes, de que a própria lanchonete da instituição reune mais condições de estar do que a biblioteca. O pão do corpo é tão mais valorizado que é infinitamente diferente o número de visitas do estudante à lanchonete, do que as poucas vezes que o mesmo vai à biblioteca, onde jaz o pão do espírito. Há inclusive estudante que termina seu curso sem ter ido uma vez sequer à biblioteca. A partir dessas colocações iniciais, é curioso constatar que a situação do livro nas escolas cearenses ainda requer muito investimento para chegar a um patamar razoável. Segundo o professor Edgar Linhares, presidente do Conselho Estadual de Educação, e entusiasta da democratização do livro e da leitura, com pouco mais de cem milhões de reais, o nosso Estado poderia equipar as bibliotecas de seus colégios públicos dentro de uma situação ideal. Do seu banco de dados ele vai retirando dados estatísticos da situação atual, que é preocupante. Segundo esses dados, o Ceará possui 9.646 escolas entre estaduais, municipais e particulares. Entre essas escolas, são as municipais onde é gritante a defasagem estatística aluno/livro. Depois, há ainda, no nosso sistema educacional, uma necessidade urgente de aparelhar as escolas de todos os níveis com os recursos da informática. Não se admite que numa época como a nossa, uma escola não possua nem e-mail. Pois é estarrecedor verificar no banco de dados do CEC, que dessas 9.646 escolas que possuímos no Ceará, apenas 2.189 estão aparelhadas com computador e possuem seu e-mail. É triste saber que 7.457 continuam sem endereço eletrônico. É bem verdade que entre as estaduais, o atual governo tem aparelhado muitas e estão projetadas informatizações para os dois últimos anos de sua gestão. No entanto, na área municipal onde se concentra o maior número de escolas, essa informatização praticamente inexiste. Há apenas, no Ceará, 985 escolas municipais com e-mail diante de 6.615 que ainda estão carentes desse recurso. Diante desses dados indaga-se como seria possível se pensar em pesquisa. O livro e o computador precisam estar ao alcance do aluno. Depois há um fato interessante que chama a atenção. É que muitas vezes ao lado de uma escola pública, por exemplo, existe outra do mesmo nível e em que a média de livros por aluno é totalmente díspar. Tomei como exemplo minha cidade natal Lavras da Mangabeira em que a Escola de Ensino Fundamental Manoel Gonçalves da Silva disponibiliza em sua biblioteca 5,51 livros para cada aluno, o que é o ideal. No entanto, no mesmo município, há pelo menos entre as 38 escolas municipais, seis de ensino fundamental, em que não consta, na estatística, nenhum livro por aluno. O próprio município pode distribuir melhor seus livros e salas de leitura. Há quem diga que o aluno não pesquisa porque o professor também não pesquisa. Isso é muito sério. A avaliação da SEDUC em torno do rendimento dos nossos alunos traz resultados alarmantes. Mas é uma avaliação que não inclui nem o professor, nem o gestor, portanto não é completa. Perguntado por que não se avaliam os três pilares da instituição, foi-nos informado que os professores resistem com veemência a qualquer avaliação que os envolva. E aí não se entende como um avaliador, o professor, se nega a ser avaliado, quando se sabe que um bom avaliador é aquele que primeiro está cônscio de sua própria avaliação. Diante de tudo isso é esperar que as atuais políticas estaduais, municipais e privadas em torno de nossa educação produzam resultados em curto e médio prazos. Afinal há muita gente preocupada e empenhada nessa mudança. O que é preciso é dar um passo além das estatísticas, e colocarem-se em ação exemplos de algumas escolas que têm desempenho exemplar, graças ao trabalho apostolar de gestores e professores, envolvendo alunos e pais.

 

29/09/2009.

 

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