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A feira literária de Varjota

Batista de Lima


Ocorreu nos dias 4 e 5 do corrente a Primeira Feira Literária de Varjota. A organização estava a cargo do Grupo Pescaria. Esse grupo possui como animador principal o Dr. Mailson Furtado, odontólogo, filho do lugar. Em torno de si, Mailson arregimentou mais de uma dezena de militantes ávidos por Literatura. Já lançaram antologias, livros individuais, revistas, jornais, cordéis e agora organizaram a Feira de Livros. Estive lá e comprovei a eficiência do Grupo em promover evento literário, com hospedagem, translado e alimentação para os escritores visitantes.

O nome "Pescaria", dado ao grupo, é uma alusão a uma das principais atividades econômicas da cidade, a pesca. Afinal, a parede do açude Araras dá início à rua principal do lugar. É um açude público cujas dimensões o colocam entre os maiores do Ceará. Varjota se torna, assim, uma cidade de clima agradável, tendo em vista que além da presença do açude, ainda conta com uma ventilação forte oriunda das origens do rio Acaraú. Dispõe de pousadas e de um agradável hotel com 40 suítes.

Nesse contexto desenvolveu-se por dois dias a I Fliva, Feita Literária de Varjota. Além do empenho de Maílson Furtado, participaram do evento estudantes de ensino médio, universitários e pessoas do povo, entusiasmados por conhecimentos literários. Houve a parceria com a Universidade Vale do Acaraú, cujo representante foi o professor José Lins Júnior, e com a Prefeitura da cidade, através do seu Secretário de Cultura, Turismo e Tecnologia, Vilonevy Pereira Gomes.

De uma mesa redonda, participamos, juntamente com o Dr. Maílson, com mais dois professores da UVA (Universidade Vale do Acaraú). Estavam na discussão o professor e escritor Luciano Bonfim e a Professora Doutora em Teoria Literária, Adriana Veras. Um auditório lotado ficou atento por mais de duas horas para ouvir falarmos sobre a formação dos grupos literários cearenses, mas principalmente sobre leitura. Verificou-se que os grupos literários disseminam não só a produção literária, mas também facilitam na formação de novos leitores.

Foi gratificante participar daquele encontro para se verificar que através de incentivo, com esse tipo de promoção, é possível a formação de novos leitores. Ali, pessoas do povo se manifestaram com suas opiniões e com suas experiências com os livros. Muitos presentes já sobraçavam livros comprados no local e já comentavam o que iam lendo. Escritores levaram suas produções, e havia avidez dos presentes em adquirir obras que estavam sendo lançadas. O próprio Grupo Pescaria divulgava suas produções, com o destaque para a antologia "O cambo".

Primeiramente foi explicado para alguns visitantes o que seria "cambo". E era o que na Região Caririense chamamos de "enfieira", um atílio ou embira em que vão-se juntando os peixes pescados na pescaria. Como o livro é um conjunto de poemas de variados tamanhos e autores, compara-se a um cambo com seus peixes pescados. É tanto que a capa do opúsculo é uma ilustração de um "cambo" em que pendem não peixes, mas prospectos literários pescados entre os participantes da seleta. Basta, portanto, se observar a capa para se entender o propósito do livro.

Além dessa antologia, foi lançada na ocasião uma coletânea com trabalhos ganhadores do Iº Prêmio Literário Pescaria de Língua Portuguesa. Desse concurso participaram concorrentes locais e nacionais, além de escritores de outros países. Ao final, um jovem concorrente baiano tirou o primeiro lugar, tendo vindo de Salvador receber a premiação. Assim a festa literária prolongou-se pela noite com boas conversas e boa música interpretada por cantores da região e aplaudida pela plateia presente. Ali se desenvolvia uma feira literária no formato das que ocorrem em grandes cidades.

Ao final do evento, fica a expectativa para que a promoção continue por cada ano, sempre em crescimento. Que outras cidades, até de maior porte, se mirem no exemplo de Varjota para criarem também suas feiras. É preciso, entretanto, que uma liderança como a de Maílson Furtado tome a frente da ousadia, porque não é tão facíl promover esse tipo de evento, contando com o apoio da Prefeitura, da Universidade mais próxima e do comércio local. Para tanto é preciso convencer esses órgãos com exemplos de superação como o apresentado pelo Dr. Maílson, jovem valor, que mal saído dos bancos universitários já se tornou uma liderança cultural na sua cidade e um escritor de nomeada. Para comprovar seu talento literário, que se leiam seus livros: "Versos Pingados", (2014), "Conto a conto", (2009) e "Sortimento", (2009). Por isso tudo valeu a pena ter ido a Varjota e sonhar em voltar àquela cidade em outras muitas feiras de livros.


FONTE: Jornal Diário do Nordeste - 22/12/2015.


 

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